Bem-vindo ao Cromossomo XY

Este blog não pretende ser correto, fonte de pesquisa ou referência para seus interessados. Ele foi pensado para que outros homens e mulheres entendam melhor como nós (homens) podemos ser românticos, chatos e invariavelmente humanos. O que pensamos das artes, das coisas que não entendemos e principalmente de nós mesmos. Neste blog há espaço para homens de todas as idades, raças, classes sociais e orientação sexual. É feito de pensamentos livres, sem dogmas culturais ou religiosos.


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terça-feira, 19 de abril de 2011

Sexo casual e desencanado

Marina da Gloria, eu estava ali só para acompanhar um trabalho de um cliente, na verdade eu poderia ter negado participar, mas fui assim mesmo porque tinha bebida e comida de graça e muita mulher bonita. Essa foi a minha justificativa para todos os amigos que questionaram a minha participação no último Fashion Rio. 

Realmente fui acompanhar o trabalho que a minha agência - sou publicitário - fez para um dos patrocinadores do evento apesar de não achar a mínima graça naquela movimentação toda. Não assisti nenhum desfile, não transitei no backstage nem me lembro de nenhuma modelo ou estilista famosos terem passado por mim, só meia dúzia de nomes de grifes que estavam por ali. Estive presente para a percepção do cliente e antes que os meus calcanhares começassem a doer já estaria pronto para voltar para casa.

Nesse ínterim, entre deixar o lugar e a última vodka, eu percebi que uma mulher me olhava da outra ponta do stand, só percebi também porque ela não disfarçou e insistiu. Dei aquela olhada para trás para me certificar que se tratava mesmo de mim e decidi que não precisava ficar sozinho a noite toda.

Estava bem próximo dela e de perto não era exatamente bonita, mas era radiante, tinha uma presença siliconada e estava muito bem vestida, não reparei muito bem, mas seu vestido era daqueles que toda mulher tem para qualquer ocasião, preto, um pouco justo e fino para realçar o quadril, também usava um casaco, também preto, para lhe proteger os ombros deixando-os meio a mostra. Ela era elegante acima de tudo. Antes de lhe dar boa noite ou perguntar se nos conhecíamos de outra ocasião senti seu perfume que se destacava no meio de

tantos outros luxuriantes daquela massa que não parava de se movimentar.
A mulher que não era tão bonita, mas muito cheirosa e bem vestida era Jornalista e me saldou com um sorriso lindo de um lábio carnudo que me encheu de felicidade. Eu já não pensava mais em dividir só o drink, eu estava seduzido por ela e queria muito mais.

Conversamos um pouco.  Eu, muito sem jeito diante da sua desenvoltura, segurança e articulação (isso faz qualquer homem perder o molejo e atropelar as palavras como quem acabou de sair do ensino médio) deixei que ela falasse o quanto quisesse até saber de fato se aquilo era um “mole” descarado ou se já havíamos nos cruzado antes. Quando definitivamente percebi que não nos conhecíamos e que era “mole” mesmo, resolvi que precisava relaxar naquele minuto e bebi de uma só vez a vodka, o gelo, o bagaço do abacaxi e a cantada da moça. Depois de alguns minutos, 40 eu acho, e de outros 3 drinks, nós estávamos mais soltos, ela mais sensual, eu mais seguro. Ela mexia mais nos cabelos e ria para uma amiga que fazia sinal do outro lado. Já não estava usando o casaco de antes e estava mais próxima da minha carona que de qualquer outra possibilidade. Então resolvi arriscar e dizer que precisava ir embora. Pedi seu telefone e me inclinei em sua direção para me despedir, mas com a mão no meu peito, ela se afastou e disse, com um sorriso sacana, que também estava de saída. Eu a levaria em casa. Estava certo.

Despediu-se de longe das amigas com total desprendimento e saímos lado a lado sem dizer uma palavra até chegarmos no meu carro. Abri a porta para ela, entrei em seguida, paguei o estacionamento e saí depressa, eu estava me antecipando a algo que não sabia se rolaria e ela se comportou como se não esperasse muito além da carona.

O Centro do Rio e muito próximo dos bairros da Zona Sul e em menos de dez minutos estávamos na portaria do seu prédio na charmosa Paissandu, no Flamengo e em 3 segundos saiu o irrecusável  convite pra subir. Fiz aquele jogo perguntando se ela não estava cansada, que eu não queria incomodá-la e todo aquele blá, blá, blá para não parecer oportunista e ela  respondeu muito objetivamente que se estivesse cansada não faria o convite. Tive que aceitar e subimos.

Era um apartamento grande, daqueles com cara de herança de família com moveis antigos, portas estofadas e um grande sofá moderno, acho que o único indício que uma jovem morava ali. Antes que eu terminasse meus giro de reconhecimento no meio da sala, ela me puxou por trás e beijou minha boca segurando forte o meu rosto. O gosto do seu perfume veio direto para a minha boca. Tive a ereção mais rápida da minha vida, meu pau duro a empurrou descaradamente, e quando ela percebeu, largou o beijo por um segundo e me olhou nos olhos.
Daquele momento em diante nada de palavras, nada de recusas, nada de delicadezas, só um desejo maior que a timidez e o meu movimento para dentro dela. Me senti o homem mais desejado do mundo naquela trepada sem amor, sem sobrenome, sem vergonha, independente e perfumada. A sala na penumbra foi o cenário, nada a declarar, mas também, nada escondido. Naquela hora eu não imaginei se ela morava com os pais, alguma amiga ou irmãos, se alguém mais poderia estar a espreita. Acho que um namorado não, um marido tampouco, mas alguém que cuidasse dela e que acabasse com toda a minha presunção de macho dominante. Eu não sabia nada sobre dela, sobre sua vida, apenas o que ela quis revelar em 1h30min entre o primeiro sorriso para mim e o meu último sorriso entre suas pernas. Ela gozou meio despida, o vestido embolado na cintura e parecia feliz e desencanada, eu também não tive tempo de tirar a roupa e olhei a cena surpreso e trêmulo, me sentindo devorado por aquela morena boa de papo, não exatamente bonita, mas extremamente gostosa e segura. Não falamos muito depois da transa e rapidamente fui embora.
  
Uma coisa que me intriga hoje é o fato dela não ter feito questão de trocar telefone comigo. Na ocasião do evento até achei que ela tinha mudado de assunto quando pedi seu número. Fico pensando às vezes se ela não fez porque sabia que nem sempre os homens ligam depois que conseguem o que querem, ou se depois que conseguiu o que quis, ela também não se importaria em ligar, não faria diferença, não era essa a intenção.
Enfim, aprendi que isso não é coisa do homem, do macho, mas de qualquer um que sabe o que quer diante de uma boa oportunidade.

Adoraria encontrá-la novamente.

Um comentário:

  1. São os acontecimentos inesperados da vida. Quando menos se espera e quanto menos se acredita, os fatos e suas consequências são arremessados à nossa frente...
    Lú, vc é imprevisível!
    Occello

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