Recém saído de uma decepção amorosa eu me questionei sobre os motivos que nos faziam seres tão difíceis de entender e agradar e esse assunto parou a minha vida por alguns dias. A coisa foi tão polêmica pra mim, que deixei o trabalho de lado na tentativa de solucionar o imbróglio. Séria perfeito se alguém, algum filósofo, aparecesse com uma resposta que transcendesse o problema e promovesse uma mudança definitiva desse quadro, mas isso não aconteceu e caí na real, que na verdade, nós, seres humanos, em toda a nossa complexidade, somos cronicamente insatisfeitos.
As mulheres, por exemplo, são tão complexas que nem elas sabem explicar o porquê. Se criticam entre si, choram e lamentam por não serem compreendidas, mas se questionadas sobre seus desejos e vontades mais profundos, mal conseguem responder e dão razão para tanta falta de entendimento. Nós homens, ditos práticos, protegidos pela cultura, ainda temos que nos esconder pra chorar sem que ninguém nos ouça, porque um dia alguém disse que homem de verdade não chora e levamos isso muito a sério. Daí por diante a coisa só piora, só faz crescer, horizontalmente, o problema.
Não quero transformar este texto num relato de desagravo entre as partes, sei que tenho as minhas complicações e que seria muito mais fácil se cada um assumisse suas dificuldades, mágoas e culpas e usasse o auto-conhecimento pra entender o outro sem desestabilizá-lo emocionalmente. Se escolhemos estar juntos e mantemos a parceria é porque algum benefício isso trás, no mínimo a satisfação de dividir o tempo.
Antes que alguém concorde que não existe solução para o nosso problema, se pergunte se um dia já foi capaz de fazer diferente, e se a resposta for não, aproveite que o assunto veio a tona e pense mais a respeito. Pode não ser a solução, mas pensar ajuda a pelo menos entender.
L.P.
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