Quem nunca parou para pensar em como determinado prédio, ponte ou até mesmo um vestido pode ser concebido? Quais técnicas e inspirações foram usadas e quanto de transpiração foi dedicado? É impressionante ver que ótimos resultados são frutos da óbvia dedicação e das escolhas certas que a gente só consegue sob horas de análise e muito, mas muito estudo. Aguardar o momento mais pertinente para a decisão-chave talvez seja o grande desafio para quem tem pressa de realizar e por isso ouvimos o quanto às coisas tendem a não darem certo. Acredito que quando você persegue um resultado é se dedica a ele com mesma vontade que a vida te move a probabilidade de sucesso são de quase 105%. Isso mesmo, 105%, porque posso garantir que ainda vai sobrar motivação para o próximo projeto.
Recentemente fui ao teatro com duas amigas assistir a um
espetáculo que se identificava em linhas gerais por “Uma Comédia Poética”, mas
deixava a desejar pelo título porque na construção dos significados ele, por si
só, era auto-explicativo. Um pouco descrente, mas com um desejo enorme de ser
surpreendido nos deixamos levar pelos primeiros minutos do espetáculo que
apresentou personagens enormes encenados com maestria amparados por um texto de
uma qualidade poética indescritível. O dilema “Tostines” pairou sobre nós como
um saco de areia e até agora me pergunto se o texto era bom porque os atores
mostravam dominá-lo perfeitamente ou se os atores eram tão incríveis que qualquer
prosa decidida as pressas não faria a menor diferença neste contexto. A
resposta é não. Neste caso, e nem sempre em outros, a excelência encontrou a
técnica e a experiência em uma sala meio escura e o resultado está em
Canastrões. Um espetáculo poético, sensível e demasiado verdadeiro que assume e
festeja a posição de “fábrica de ilusões” que o teatro representa e que nasceu
da necessidade humana de ver sua própria história representada com outras cores
e sabores que só quem conta um conto pode ilustrar.
Se todas as vezes que esbarrássemos com obras como esta, ou
outras da engenharia, tivéssemos a oportunidade de entendê-las um pouco,
certamente o primeiro sentimento visível, pintado de vermelho, seria a “vontade
de realizar”. Acredito que muito mais que dominar o fogo e andar sob duas patas
a humanidade só chegou a este nível de evolução pelo seu desejo incontrolável de
realizar coisas. Tantas coisas e infinitas coisas que só diante do magnífico
podemos mensurar sua capacidade.
Canastrões está em cartaz até o dia 14/04, de quinta a
domingo, no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, Rio de Janeiro.
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